- E se esse fosse o seu último ano na Terra?
Viva de acordo com o propósito d'Ele para a sua vida e ganhe a sua coroa.
Amor de Complacência
Eu sua magnífica biografia de Jonathan Edwards, George Marsden cita um trecho da Narrativa Pessoal, de Edwards: “Desde que cheguei a esta cidade [Northampton], eu tenho experimentado frequentemente uma doce complacência em Deus, em vista das suas gloriosas perfeições, e da excelência de Jesus Cristo. Deus têm se mostrado para mim um ser glorioso e fascinante, por conta de sua santidade. A santidade de Deus sempre me pareceu ser o mais adorável de todos os seus atributos” (p. 112).
O que Edwards queria expressar com uma “doce complacência” não tinha nada a ver com uma dose contemporânea de presunção, e sim com uma sensação de prazer. Esse “prazer” não deve ser entendido como uma crassa sensação hedonista ou sensual, mas um deleite naquilo que é supremamente agradável à alma.
Benevolência é uma palavra derivada do prefixo latino bene, que significa “bem,” ou “bom”, e é a raiz da palavra vontade. As criaturas que exercitam a faculdade da vontade pela tomada de decisões são chamadas de criaturas volitivas. Ainda que Deus não seja uma criatura, ele é um ser volitivo à medida que tem também a capacidade de decisão.
Esse amor de benevolência, ou boa vontade, se estende a todas as pessoas, sem distinção. Nesse sentido, Deus é amoroso até para com os condenados ao inferno.
O Amor de Beneficência
Este tipo de amor, o amor de beneficência, está intimamente relacionado ao amor de benevolência. A diferença entre benevolência e beneficência é a mesma que há entre a disposição e a ação. Eu posso me sentir favorável a alguém, mas a minha boa vontade continuará desconhecida até ou a menos que eu a manifeste por alguma ação. Nós frequentemente associamos beneficência com atos de bondade ou caridade. Notamos aqui que a própria palavra “caridade” é freqüentemente usada como sinônimo de amor. No sentido de beneficência, atos de bondade são atos do amor de beneficência.
Nessa passagem, Jesus prescreve a prática do amor para com os inimigos. Percebamos que esse amor não é definido em termos de sentimentos ardentes, vagos ou sanguíneos, mas em termos de comportamento. Neste contexto, amor é mais um verbo que um substantivo. Amar nossos inimigos é sermos amorosos para com eles. E isso envolve fazer-lhes o bem.
Sob esse aspecto, o amor que devemos demonstrar é um reflexo do amor de Deus para com seus inimigos. Àqueles que o odeiam e o maldizem, Ele mostra o amor de beneficência. A benevolência (boa vontade) de Deus é demonstrada em sua beneficência (ações benignas). Seu sol e chuva são concedidos igualmente ao justo e ao injusto.
Vemos então que o amor benevolente e o amor beneficente de Deus são universais. Eles se estendem a toda a humanidade.
Aqui, porém, está a principal diferença entre esses tipos de amor e o amor de complacência de Deus. Seu amor de complacência não é universal, nem incondicional. Tristemente, em nossos dias, o caráter glorioso desse tipo de amor divino é geralmente negado ou obscurecido por uma universalização coletiva do amor de Deus. Declarar indiscriminadamente às pessoas que Deus as ama “incondicionalmente” (sem distinguir com cuidado os tipos diferentes de amor divino) é promover uma falsa sensação de segurança nos ouvintes.
O amor de complacência de Deus é o deleite e o prazer especiais que Deus tem primeiramente em seu Filho unigênito. É Cristo o amado do Pai, acima de todos; Ele é o Filho em quem o Pai “se compraz.”